Na escala da vida ordinária, à altura do olho, a cidade é condicionada, e não submissa, à relação de poderes e forças – das instituições públicas, do poder econômico, do poder político, do poder social, do poder midiático – mas ela é também o que dessas forças escapa pelas bordas, o que delas resta, o que delas se apaga, o que delas não nos alcança. Mesmo nas condições mais inóspitas e duramente inumanas, há alguns pedaços de cidade que resistem na potência de suas trincas. Há algo que consegue romper o ordenamento do tempo, do espaço e do corpo e instituiroutras cidades. Isso é o que alguns movimentos de ocupação do espaço de uso público conseguem constituir de mais potente, criando rupturas no espaço-tempo da cidade.
Este trabalho é uma reflexão sobre a produção e circulação das imagens dos movimentos de ocupação coletiva do espaço de uso público de Belo Horizonte. Foi desenvolvido a partir da vivência junto a alguns movimentos e grupos, do compartilhamento de fotografias e vídeos e da construção coletiva da pesquisa através de rodas de conversa. É uma investigação acerca da potência expressiva da imagem enquanto desestabilizadora de espaços e tempos socialmente estabelecidos e a sua capacidade de redistribuir o sensível, a partir da análise da relação entre os seus agentes – fotógrafa, fotografado, espectador e câmera.

How to reference the publication:

MUSA, Priscila Mesquita. (2015) Movimentos Imagem. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura Urbanismo e Design da Universidade Federal de Minas Gerais.